João Carlos M. Madail
Economista, Professor, Pesquisador e Diretor da ACP
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Alguns dos principais indicadores que medem o desempenho da economia brasileira têm se mostrado favoráveis nos últimos oito meses do governo Lula. A inflação oscila em intervalos aceitáveis, o desemprego está em queda, o mesmo está ocorrendo com a taxa de juros, ou seja, são números favoráveis, mesmo que ainda existam dificuldades para a economia decolar como um todo.

O IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) em setembro/2023 alcançou 5%, ou seja, subiu 0,35% em relação ao mês anterior influenciado pela suba dos preços dos combustíveis (5,2%) e passagens aéreas (13,3%). O custo dos alimentos para os consumidores, no mesmo período registrou queda de 0,7%. O desemprego caiu 8%, a menor taxa para um 2° trimestre desde 2014, mesmo que o país ainda tenha 8,6 milhões de desempregados. O Programa Bolsa Família, segundo a FGV (Fundação Getúlio Vargas), contribuiu para a redução da pobreza, que em janeiro de 2023 era de 4,5 milhões de famílias, para 1,5 milhões em setembro.

Estudiosos da economia brasileira, nas suas revisões, têm projetado crescimento otimista. As justificativas para a melhor avaliação do País têm base nos avanços da reforma tributária, a votação do arcabouço fiscal e um desempenho macroeconômico e fiscal melhor que o esperado. Há certo consenso de que a taxa de juros em patamares elevados contribui para o controle da inflação, mas também pressiona o consumo e a atividade econômica. A projeção atual do mercado, segundo o último boletim Focus do Banco Central, é de um crescimento econômico de 2,64% em 2023, abaixo dos 2,9% em 2022.

Entretanto, existem algumas incertezas no cenário, principalmente em relação à inflação que atormenta a grande massa de assalariados do País, que pode ser alterada em função da insegurança em relação ao preço petróleo, que movimenta os transportes no País. A dependência do Brasil em relação ao petróleo e as medidas do governo em voltar à cobrança integral de impostos que haviam sido desonerados em 2022, tornando o produto mais caro para os consumidores, têm contribuído para impactar diversos outros preços, que dependem de deslocamentos no vasto território nacional. Vale lembrar, também, que a gasolina é o item com maior peso no IPCA.

A economia dos países é dinâmica e sensível a tudo que ocorre no âmbito interno e externo, num cenário onde os mercados estão cada vez mais globalizados e dependentes. Os principais efeitos da globalização são o maior volume de informações, que permite a tomada de decisão quase instantânea nos negócios, ou no fluxo de investimentos estrangeiros entre países e empresas, o que pode influenciar na perda de identidade nacional e impactar a economia como um todo. O papel do governo no sentido de fazer crescer a economia, mesmo em tempos difíceis é o de promover investimentos pesados em infraestrutura pública, investimento em capital humano, promoção da educação, quer em nível do ensino tradicional, ou através da promoção de programas específicos de formação profissional.

Convém distinguir crescimento econômico de desenvolvimento econômico; enquanto o primeiro se refere ao PIB, o desenvolvimento econômico é um conceito que envolve outros aspectos relacionados com o bem-estar de uma nação, como os níveis de educação, saúde, entre outros indicadores voltados para o social. Para se ter segurança que o Brasil está em ritmo de desenvolvimento econômico, é preciso que se analise o desempenho de outros indicadores, comumente não destacados; o IDH (Índice de desenvolvimento humano), Índice de Gini; Taxa de desnutrição e insegurança alimentar; Taxa de mortalidade infantil; Esperança de vida ao nascer; Média de anos de estudo dos 20 aos 24 anos; Longevidade e Renda média. A despeito das turbulências políticas pelas quais o país vem passando, a expectativa é de que haja estabilidade econômica.